25 DE JULHO

Postado: 24/07/2020

A data 25 de julho teve origem durante o 1º Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas realizado em Santo Domingo, na República Dominicana, em 1992. Ao longo dos anos, a data vem se consolidando no calendário de luta do movimento negro e tem resgatado a luta e a resistência das mulheres negras, bem como cumprido o papel de denunciar as consequências da dupla opressão que sofrem, com o racismo e o machismo. Ainda no mês de julho, é comemorado, no dia 31, o Dia da Mulher Africana.

Apesar de corresponder a 53% dos brasileiros, a população negra ainda luta para eliminar desigualdades e discriminações. São cerca de 97 milhões de pessoas e, mesmo sendo a maioria, está sub-representada no Legislativo, Executivo, Judiciário, na mídia e em outras esferas. Em se tratando do gênero, o abismo é ainda maior. Apesar da baixa representatividade de Mulheres Negras na política e em cargos de Poder e de decisão, cada ascensão deve ser comemorada como reconhecimento.

O dia 25 de julho é de extrema importância por chamar à reflexão para a situação de um dos setores mais explorados e oprimidos da sociedade, que é a mulher negra, e para os indicadores sociais, econômicos, políticos, que denunciam essa condição da mulher negra na sociedade brasileira.

A DATA – A Lei nº 12.987/2014, foi sancionado pela presidenta Dilma Rousseff, como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Tereza de Benguela foi uma líder quilombola, viveu durante o século 18. Com a morte do companheiro, Tereza se tornou a rainha do quilombo, e, sob sua liderança, a comunidade negra e indígena resistiu à escravidão por duas décadas, sobrevivendo até 1770, quando o quilombo foi destruído pelas forças de Luiz Pinto de Souza Coutinho e a população (79 negros e 30 índios), morta ou aprisionada.

VIOLÊNCIA E DESEMPREGO - No Brasil, a mulher negra encontra-se em uma das posições mais vulneráveis da nossa sociedade quando analisados fatores como, por exemplo, taxa de homicídios, inclusão no mercado de trabalho, disparidade salarial, condições de trabalho e desemprego.

De acordo com o Atlas da Violência de 2019, realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 66% de todas as mulheres assassinadas no país são negras.

Usando a base de dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde (SIM/MS) de 2017, o atlas aponta que enquanto a taxa de homicídio de mulheres não negras aumentou em 1,6% entre 2007 e 2017, a de homicídio de negras cresceu 29,9%.

Em números absolutos a diferença é ainda mais brutal, já que entre não negras o crescimento é de 1,7% e entre mulheres negras, de 60,5%. Considerando apenas o último ano disponível, o índice de homicídio de mulheres não negras foi de 3,2 para cada 100 mil mulheres não negras, ao passo que entre as negras a média foi de 5,6 para cada 100 mil mulheres deste grupo.

Outros dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revelam que mulheres negras estão 50% mais suscetíveis ao desemprego do que outros grupos. Segundo o Ipea, enquanto o desemprego entre mulheres negras subiu 80% em relação ao período anterior à crise econômica, entre homens brancos o aumento foi de 4,6 pontos percentuais – entre homens negros, houve crescimento de 7 pontos percentuais.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres estudam por mais anos do que os homens. Ainda assim, entre pessoas de 25 a 44 anos de idade, o percentual de mulheres brancas com ensino superior completo (23,5%) é 2,3 vezes maior do que o de mulheres pretas ou pardas (10,4%).

Ao considerar cor ou raça, a desigualdade no atraso escolar se apresenta de forma considerável entre as mulheres: 30,7% das pretas ou pardas de 15 a 17 anos de idade apresentaram atraso escolar no ensino médio, enquanto que apenas 19,9% das mulheres brancas dessa mesma faixa etária estavam em situação semelhante.

As mulheres negras são ainda as que mais se dedicam aos cuidados de pessoas e afazeres domésticos, com 18,6 horas semanais. Mulheres estas que, em sua grande maioria, tentam conciliar estudos, carreira profissional e questões pessoais.

Pandemia covid-19

Os impactos econômicos na vida da mulher negra aumentou em tempos de pandemia da covid-19, junto às recentes contrarreformas como da Previdência, diminuição de leis trabalhistas e das terceirizações. A recessão gerada pela pandemia impacta mais mulheres e negros no mercado de trabalho, é o que mostra dados divulgados pelo PIB, ao final de maio de 2019.

As mulheres negras são a maioria no trabalho doméstico e minoria em boa parte dos serviços essenciais. População negra é impactada por ter maior participação na informalidade, primeiros postos a serem afetados na crise. Dados disponíveis de abril já captam uma parte importante desse efeito: no trimestre móvel encerrado em abril, o Brasil sofreu a maior perda de trabalhadores domésticos em nove anos. Uma queda de 11,8% em relação ao período imediatamente anterior.

Homenageadas – Assim como Tereza, outras mulheres foram e são importantes para a nossa história. Com trabalhos impecáveis e perseverança, elas deixaram um legado, que cabe a nós reverenciarmos e visibilizarmos a emancipação das mulheres negras, como forma de homenagear;  Marielle Franco que foi brutalmente assassinada em 14 de março de 2018 e que faria 41 anos no dia 27 de julho, Antonieta de Barros, Aqualtune, Theodosina Rosário Ribeiro, Benedita da Silva, Jurema Batista, Leci Brandão, Chiquinha Gonzaga, Ruth de Souza, Elisa Lucinda, Conceição Evaristo, Maria Filipa, Maria Conceição Nazaré (Mãe Menininha de Gantois), Luiza Mahin, Lélia Gonzalez, Dandara, Carolina Maria de Jesus, Elza Soares, Mãe Stella de Oxóssi, entre tantas outras

 

Fontes: IBGE, IPEA, ASSUFRGS, SPBANCARIOS,

 

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