MEMÓRIAS VIVAS - Estevão Fernandes

Postado: 05/11/2021

"Oi, eu sou Estevão Fernandes de Moura, mas podem me chamar de Moura, como sou mais conhecido. Tenho 63 anos de idade, 43 anos de Serviço Público e de Rural.
 
Minha história se parece muito com a do Gilson, pois também nasci no Serviço Médico da universidade, na antiga enfermaria. Diga-se de passagem: um serviço de ótima qualidade. Tenho 8 irmãos e a maioria deles também nasceu no Serviço Médico, mesmo meus pais não tendo nenhuma ligação com a universidade. Esse serviço de saúde atendia a comunidade. Existia, na época, até um departamento de combate à malária. 
 
Também fui jardineiro dos professores da Rural, ajudante de mecânico do Isaías Egnácio, pai do André. Saudoso Isaías Egnácio, pessoa por quem tenho muita consideração, carinho, aliás, por toda família.
 
Meu primeiro emprego, como funcionário público, foi no serviço militar, onde eu tenho muita honra de ter servido na brigada paraquedista, pois foi lá que pude realizar um sonho de infância, ser paraquedista. 
 
Ingressei na universidade, em 1979 e minha participação na luta começou na antiga CPPTA - Comissão Permanente de Pessoal Técnico-administrativo, onde eu fui eleito, por várias vezes, representante do nível médio. A CPPTA era uma comissão que reavaliava o servidor que se sentia mal avaliado pelo chefe. Então, este servidor recorria a CPPTA, que também analisava os pedidos de afastamento, seja por doença, capacitação e por aí vai. A comissão foi sucedida pela CIS. 
 
Nesses longos anos de universidade, tive a oportunidade de ver o início de alguns projetos, assim como o fim de outros. Por exemplo: eu presenciei a inauguração do Biodigestor, lá na Bovinocultura; vi também surgir e acabar uma usina de álcool na tecnologia; participei, curti várias festas glamourosas da zootecnia, que também acabou, hoje não tem mais; vi também a categoria perder a licença prêmio, perdemos o anuênio, o abono pecuniário e por aí vai. Mas também tivemos conquistas!
 
Conquistamos doze referências com o governo Sarney, a isonomia, o PCCTAE. Mas tudo isso foi conquista, nada nos foi dado. Cada governo que veio ao longo desses anos, veii dilapidando o serviço público, os nossos direitos, e é sem exceção, o desmonte ao serviço público, é pratica de todos os governos. Cada governo um ataque mais feroz. 
 
Conheci a ASUR assim que entrei na universidade e logo me filiei. Participei de muitas lutas. Está (ASUR) foi muito importante para construção do sindicato que temos hoje.
 
Na década de 90, o congresso da Fasubra deliberou pela transformação de todas as associações em sindicato, por que as associações não representavam mais juridicamente os sindicatos. Então, todas as associações tinham que se transformar em sindicato, mas quando chegou, se não me engano no ano de 1993, vários sindicatos não tinham feito a transição ainda. Foi então que uma Plenária da FASUBRA deliberou que: quem não tivesse no ano 1993, 1994, se não me engano, se transformado em sindicato, não poderia participar do congresso. Aliás, poderia participar, mas como observador, não com direito a voto e nem de ser votado. 
 
E daí foi uma correria muito grande.  Começamos a conversar, as quatro universidades públicas do Rio, pensamos na criação de um sindicato estadual. Chegamos a formar uma comissão pró-sindicato estadual na qual participamos, vários companheiros e eu, mas essa discussão não deu em nada. 
 
Voltamos para ASUR e construímos  o nosso sindicato. Fui militante do PSTU, no qual fui candidato a prefeito da cidade de Seropédica, num processo de construção do partido sem nenhuma ilusão de que seríamos eleitos, mas pela construção do partido fui eleito para direção da FASUBRA, em 2007, 2008 e contei muito com a ajuda do saudoso Leonir. Sou fundador do nosso sindicato, como já disse, e estive várias vezes diretor do SINTUR.
 
Resumindo, minha vida na universidade se confunde muito com a minha vida no movimento da categoria.
 
E essa PEC-32, ela nada mais é do que MAIS um ataque ao conjunto da classe trabalhadora. E o que eu posso avaliar é que existe uma coisa muito mais forte do que os governos, que é um projeto de estado mínimo. E esse projeto traz a destruição do serviço público: acabar com os serviços públicos, terceirizar tudo. Assim, fica muito mais fácil para o governo. Então todos os governos que entram, cada governo que chega ou que sai ele dá a sua parcela de contribuição para esse projeto.
 
Moura, a coordenação do SINTUR-RJ agradece pelos 43 anos de trabalho dedicado ao serviço público. Temos muito orgulho da sua trajetória dentro do SINTUR-RJ. A luta continua e contamos com você para fortalecê-la!”

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