QUEM É VOCÊ NO SERVIÇO PÚBLICO? #14

Postado: 27/10/2021

"Eu sou Elisângela Menezes Soares. Estou lotada na PROGRAD, na Pró-Reitoria de Graduação da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Ingressei na rural em 2010. Antes eu já tinha ingressado no serviço público, iniciei minha carreira em 1999 quando fiz o primeiro concurso para a prefeitura do Rio e antes de ingressar na Rural, fiz concurso para Iplan-Rio, também prestei concurso para CET-Rio e em seguida para a UFF. Esses foram os locais pelos quais passei antes de ingressar na Rural.
 
Então trabalhei na prefeitura do Rio de Janeiro e também na Universidade Federal Fluminense, na Escola de Engenharia Industrial Metalúrgica de Volta Redonda. E foi em 2010, que eu ingresso na Universidade Rural.
 
Optei pela carreira pública porque antes de ingressar na prefeitura do Rio, eu já estava trabalhando como terceirizada na Petrobrás, atualmente Transpetro. Eu trabalhava nos Dutos e Terminais do Sudeste (DTSE), localizada em Campos Elíseos, próximo à Refinaria Duque de Caxias. Fui contratada como terceirizada e ali fiquei durante praticamente três contratos, o que significa: praticamente sete anos de trabalho, sem férias.
 
É essa vida que os terceirizados sofrem, não tem salário certo, seus direitos sempre atacados. Eu estava exausta de não conseguir tirar férias e trabalhar exaustivamente no serviço privado e sempre com aquelas questões que envolvem a contratação; a insegurança, a incerteza da instabilidade, os assédios que a gente sofria.
 
Enfim todos esses problemas que envolvem a terceirização dentro do serviço, na esfera pública. Comigo não era diferente, e mesmo isso ocorrendo há mais de 20 anos ,o contrato ainda tinha uma relativa vantagem em relação ao salário e alguns benefícios, comparado ao que é oferecido hoje, mas não era uma vida fácil.
 
Iniciei na prefeitura do Rio por indicação de um amigo, na época eu estava começando a minha faculdade, sou formada em Secretariado Executivo pela Universidade do Grande Rio, em Duque de Caxias. Resolvi fazer o concurso porque queria sair do contrato e foi então que consegui passar e fui chamada.
 
A prefeitura naquele ano, época do César Maia, acho que no primeiro mandato dele, fez uma chamada Grande de vários contratados e saiu distribuindo por vários órgãos da prefeitura. E eu estava incluída entre os 200 aprovados.
 
Eram, se não me engano, 60 vagas e eu acabei sendo chamada. Esse foi o meu primeiro emprego na esfera pública. Eu era uma profissional de nível médio, não tinha uma carreira definida. Nós éramos chamados de pau para toda obra dentro da prefeitura.
 
O profissional de nível médio era como um assistente administrativo - correlato à assistente administrativo na universidade - e eu fui lotada na Procuradoria Geral do Município, lá fiquei até fazer o concurso para a Companhia de Engenharia de Tráfego - CET Rio, para a qual fui posteriormente como assistente administrativa e lá fiquei por mais algum tempo.
 
Foi então que fiz o concurso para a UFF, em 2006, passei e consegui ser convocada para ocupar o cargo de secretário executivo. E fui trabalhar em Volta Redonda. Eu ia e voltava todos os dias de Caxias, como secretária da direção tinha que chegar às 08h da manhã e saía às 18h, tinha um intervalo de 01h30minutos para almoço, também foi muito corrido,
 
O que me levou a ingressar no serviço público, inicialmente, foi a questão da insegurança, instabilidade como trabalhadora terceirizada, mesmo estando em uma grande companhia, porém, com todos os problemas que envolvem a contratação terceirizada.
 
A questão de não ter férias, de ter que trabalhar em dias que para os servidores era uma folga e a gente tinha que estar lá, o horário era diferenciado. Houve muitas ocasiões de trabalhar além do horário e não receber horas extras, enfim, todas as questões que sabemos ser muito complexas e que envolvem o serviço terceirizado.  Nesse como é de conhecimento, acaba que ninguém se responsabiliza. Você como trabalhador tem vários chefes, entretanto, quando   precisa de algo é apenas um servidor terceirizado. No exato momento que você precisa a empresa à qual você está trabalhando fisicamente não é a responsável direta. A responsabilidade da empresa fica longe do seu local de trabalho. Todos esses contratempos também eram bem desgastantes.
 
Quando ingressei na UFF, em 2006, estava havendo uma mudança na Escola de Engenharia Industrial Metalúrgica para um Pólo Universitário de Volta Redonda, havia uma disputa política muito grande na UFF de Volta Redonda para que fosse designado um diretor do pólo.
 
O diretor era o idealizador do projeto, mas ele era um inimigo político do Reitor na época, e logo que o polo foi inaugurado, um outro diretor foi colocado e o novo diretor era uma pessoa extremamente difícil. Ninguém queria trabalhar com ele. 
 
Eu estava recém-chegada na UFF e ele fez uma relotação arbitrária, minha e de outros 8 funcionários, para o polo. Fui lotada para  a Secretaria do Polo projetos, que estava sendo estruturado. E isso sem qualquer consulta, nem à nossa chefia imediata, nem os próprios funcionários. 
 
E foi a partir daí que comecei a me envolver com o sindicato, por conta dessa questão do assédio, da arbitrariedade e da intransigência dessa chefia. Recorri ao sindicato da UFF como recém servidora solicitando a orientação e auxílio para resolver a questão e acabei ingressando no movimento sindical, me tornando delegada sindical em Volta Redonda, no qual estive trabalhando durante o mandato de dois anos. E foi muito importante ter tido essa atuação porque a ação arbitraria, aquela portaria de relotação acabou sendo revertida. Nós nunca fomos trabalhar no local que ele havia designado. Nós continuamos exercendo as nossas atividades nos locais em que havíamos sido lotado inicialmente até que houvesse uma definição, uma vez que abrimos um processo interno, não foi necessário fazer nenhuma ação judicial.
 
Tudo foi resolvido com o sindicato. Nós tivemos várias reuniões. Foi levado ao Conselho Universitário e acabou que depois de um tempo. Não foi de imediato obviamente, mas como o sindicato foi muito incisivo a situação se reverteu e a partir daí percebi o quanto é importante ter envolvimento com o sindicato. 
 
Na Rural temos essa vantagem, o sindicato está dentro da universidade, o acesso é muito fácil ao servidor que a qualquer ameaça, qualquer situação constrangedora que venha a ser vitimada dentro do seu setor, ele terá como recorre imediatamente ao SINTUR que está extremamente acessível e sempre pronto a atender, e a prestar orientações.
 
Eu acho extremamente importante que os servidores se envolvam, busque conhecer e entender o funcionamento do sindicato, principalmente agora com a PEC 32, estamos tendo um ataque severo à estabilidade do servidor.  A questão desse assédio é tão grande aos servidores. 
 
Não podemos aceitar a retirar dos nossos direitos, nós já perdendo ao longo de décadas, desde a era do Fernando Henrique. Várias coisas foram se perdendo. Os servidores nunca vêm ganhando, temos uma defasagem muito grande, tem congelamento de salário, perda de direitos. Então se o sindicato não existisse, se o sindicato não estivesse ali para nos fortalecer, quem vai fazer isso por nós? 
 
Eu acredito que mesmo com tantas restrições, problemas, ataques cotidianos, o servidor precisa se posicionar, mostrar o seu valor e o quanto somos preparados, eficientes eficazes e o sindicato nos ajuda a mostrar para a comunidade a importância do nosso trabalho.
 
O sindicato nada mais é que nós, ali, trabalhando pela garantia dos nossos direitos, para as nossas conquistas e pela manutenção delas, por isso, o trabalho do sindicato é extremamente importante. 
 
A PEC 32 é a PEC DA MORTE. Assim bem denominada, pois ela de fato vai levar o servidor público à morte, com todas essas propostas de mudança que estão sendo feitas."

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