18A: Trabalhadores da educação vão parar contra PEC 32, aulas presenciais e reforma no Ensino Médio

Postado: 11/08/2021

Além de lutar contra o desmonte do serviço público, a paralisação nacional também servirá para a categoria denunciar os perigos do retorno as aulas presenciais, frente ao avanço da variante Delta da covid-19. A Reforma do Ensino Médio também estará na pauta da mobilização.

 

Na quarta-feira (4), a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) convocou as entidades para intensificar a luta e engrossar as mobilizações no próximo dia 18.

 

Com a falta de doses e o ritmo de vacinação lento no Brasil, muitos professores e professoras irão completar a imunização somente no próximo mês. No entanto, grande parte dos governos estaduais programou o retorno as aulas presenciais, sem restrições, para o mês de agosto.

 

O que já representava um risco à saúde da comunidade escolar, ficou ainda pior com a nova cepa advinda da Índia. Considerada tão transmissível quanto à catapora, a variante já tem causado impacto no Rio de Janeiro.

 

“Este retorno forçado é um crime praticado pelos governos a mando dos grandes tubarões da educação e do capital privado. É uma vergonha falar em normalidade. Isso não existe e a prova está na atual situação do Rio de janeiro”, afirma Joaninha Oliveira, da Secretaria Nacional da CSP-Conlutas.

 

Alerta no Rio de Janeiro
O estado do Rio de Janeiro vive sinais de uma nova onda da doença, registrando aumento do número de casos e de internações. Na capital, a taxa de ocupação das UTI’s já está em 94%, o que liga novamente o alerta de colapso no sistema de saúde.

 

Em resposta, a Secretaria de Educação carioca suspendeu, nesta segunda-feira (9), por uma semana, as aulas presenciais na rede estadual de ensino. A medida vale para a cidade do Rio de Janeiro e mais 35 municípios.

 

O novo fechamento ocorre apenas duas semanas após a volta ao ensino presencial nas escolas do estado. Essa situação de “abre e fecha” deverá se repetir em todo o país, trazendo prejuízos à educação e riscos à saúde.

 

Petição em São Paulo

Em São Paulo, funcionários da escola EE José Cândido de Souza, criaram uma petição pública contra o retorno a aula presencial, após debater o tema com pais e outros membros da comunidade escolar, no dia 2. O documento destinado ao governador Doria também exige a aceleração da vacinação de estudantes e professores, a manutenção do trabalho remoto com os recursos necessários para as aulas virtuais, a redução do número de alunos em sala de aula e a assistência às vítimas da covid-19.

 

“Nós que fizemos greve sanitária nos recusamos a retornar às aulas presenciais e estamos há uma semana levando faltas. A maioria das escolas não tem condições adequadas para o retorno. As salas são pequenas, sem ventilação cruzada. Estamos pressionando o sindicato para fazer assembleia e organizar nossa luta. que não pode ser individual, nem escola por escola”, afirma Nancy de Oliveira Galvão, da corrente sindical Unidos Pra Lutar.

 

Para ter acesso ao abaixo assinado na íntegra clique AQUI

 

Minas Gerais

Minas Gerais, o governo de Romeu Zema (Novo) convocou a reabertura das escolas desde o mês de julho.

“É criminosa a posição de Zema de abrir as escolas diante de uma situação de risco sanitário, sem um protocolo seguro e sequer vacina para todos. Além do mais, os trabalhadores terão que ir para as escolas atender o presencial e também garantir o ensino remoto, algo que significará um aumento da jornada”, afirma Gustavo Olímpio integrante da Executiva Estadual da CSP-Conlutas.

 

A rede municipal de Contagem, governada pelo PT, também decretou para esta semana a volta da Educação Infantil. O Ensino Fundamental retornará no 22. No município, foi sancionado um projeto de lei  que decreta a educação serviço essencial na pandemia. Isso significa que as escolas ficarão abertas mesmo se houver uma piora do contágio da doença.

 

“Em Betim, o governo do PSDB, conseguiu na justiça criminalizar a Greve Sanitária, uma greve legitima em defesa da vida. Nos solidarizamos com os trabalhadores da Educação em Betim. Todo apoio a Greve Sanitária da rede estadual de Minas Gerais”, conclui Gustavo.

 

Região Norte
A Região Norte do país foi uma das que mais sofreu, no início do ano, com a pandemia. Mesmo com o cenário de insegurança, o estado do Pará retomou as atividades presenciais na rede pública no dia 2. Nesta segunda (9), servidores da educação deram início à construção de uma greve sanitária em defesa da vida dos trabalhadores.

 

“Não concordamos com o retorno presencial das aulas sem a imunização em duas doses dos profissionais em educação e dos alunos. Também não há a infraestrutura nas escolas. A pandemia não acabou”, afirma Silvia Letícia da Luz, coordenadora do Sintepp e da Secretaria Executiva Nacional da CSP Conlutas.

 

“Estamos em greve sanitária da rede estadual aqui no Pará. Estamos reunindo em escolas em que a pressão é grande. O governo Hélder Barbalho (MDB) está ameaçando com corte de ponto”, denuncia.

 

No Amazonas, a capital Manaus retornará a atender presencialmente 100% da comunidade escolar no dia 23. As demais regiões do estado o farão no início de setembro. Apesar dos indicadores mostrarem retrocesso na pandemia, a região possui somente 25% da população adulta totalmente vacinada.

 

Risco além das escolas
A volta às aulas presenciais coloca em risco não só a comunidade escolar, mas toda população. Isso ocorre porque há toda uma estrutura que dá suporte aos alunos, como os meios de transporte que passarão a receber mais pessoas, além do comércio e outros serviços.

 

Ainda em 2020, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) realizou um estudo para quantificar os riscos do retorno ao ensino em sala de aula. A publicação apontou que ao menos 9,2 milhões de pessoas (adultos e idosos) seriam expostas em todo o país.

 

“É por isso que afirmamos que não dá para retornar sem a imunização. Há uma enorme parcela de professores sem a segunda dose. Outro problema nas escolas é a segurança sanitária. A grande maioria não tem condições de oferecer”, complementa Joaninha Oliveira.

 

A CSP-Conlutas defende que enquanto a imunização não chegar a um patamar de 80% da população, considerado mais seguro pelos cientistas, o governo tem de garantir condições e infra-estrutura adequadas para que alunos e professores possam ter o ensino remoto emergencial.

 

Reforma do Ensino Médio

O coletivo Reviravolta na Educação também lançou um manifesto contra o plano dos governos estadual e federal de promover a Reforma do Ensino Médio. Considerado mais um passo na privatização da educação e da destruição da escola pública, as mudanças previstas esvaziarão o currículo de jovens que terão de escolher apenas uma área de interesse para cursar durante o Ensino Médio.

 

As novas regras são consideradas prejudiciais ao processo de ensino em diversas perspectivas. Além de limitar o acesso ao conhecimento, há diversos dispositivos que precarizam o trabalho dos docentes e pioram a qualidade do ensino, como a reafirmação do ensino remoto.

 

Em um trecho o documento afirma: “Longe de se importar com qualquer interesse dos estudantes, o objetivo é unicamente atender às novas demandas do capital: uma base precária, com currículo flexível, para se adequar aos novos patamares da flexibilização e precarização do trabalho. Assim, a lógica empresarial vai penetrando até na gestão das escolas e os grandes grupos empresariais vão se apossando cada vez mais da educação, agora elaborando diretamente o currículo”.

 

“É uma reforma que enxuga os currículos e fatia o ensino básico. Os estudantes só vão poder ter acesso a uma parte do ensino básico, ou seja, o básico passa a ser ‘luxo’ e isso vai aumentar ainda mais a desigualdade educacional porque os filhos de trabalhadores terão acesso apenas a uma parte do currículo”, alerta Flavia Bischain, diretora da Apeoesp e professora da rede estadual em São Paulo.

 

Fonte: http://cspconlutas.org.br/2021/08/contra-a-volta-as-aulas-presenciais-e-pec-32-trabalhadores-da-educacao-vao-parar-dia-18/

 

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