A luta contra o Racismo é todos os dias.

Postado: 21/11/2016

A luta contra o Racismo é todos os dias. Nenhum direito a Menos!

Não existe capitalismo, sem racismo.

Porque precisamos ter uma data comemorativa para o Dia da Consciência Negra - 20 de novembro? Afinal somos todos iguais.

Todo ano ouço esta pergunta e em seguida esta afirmação.

A resposta é: que por vivermos em uma sociedade racista, não existe na prática igualdade na aplicação dos direitos entre brancos e negros, portanto, precisamos discutir essa realidade; o dia 20 de novembro, conquistado com muita luta serve para fazermos esta reflexão.

Os negros (as) são os trabalhadores mais explorados (as), presentes nos subempregos e consequentemente com os menores salários e sem quaisquer direitos trabalhistas.

O negro (a) sabe o que é crescer sendo discriminado simplesmente por ser negro (a). Não esquecemos nunca dos apelidos da infância, relacionados à nossa cor. Quando crescemos as piadas e deboches dos colegas, ou, até mesmo dos que consideramos amigos, seguem nos tratando como seres inferiores. Dói demais e só nós sabemos o quanto a luta pela autoestima e principalmente das mulheres negras que não são vistas como padrão de beleza. Se é verdade que nossos cabelos crespos estão sendo assumidos por nós como nunca agora, isto é resultado de muitas lágrimas.

É verdade que vivemos em uma sociedade em que as mais diversas formas de violência atingem as mulheres, seja o estupro, a violência doméstica, o feminicídio, mas também é verdade que as mulheres negras, conforme dados do governo no último Mapa da Violência, são as mais violentadas e mortas. Isto como resultado da exposição em locais sem qualquer segurança, como ponto de ônibus e ruas sem iluminação ao ir trabalhar ou estudar, afinal, somos nós mulheres negras que moramos nos lugares considerados como áreas der risco, por pertencermos à classe mais pobre e até miseráveis, ou seja, abaixo da linha da pobreza.

E nossos filhos, nossos jovens negros? Estão morrendo, sendo exterminados na falsa idéia de combate a violência. Enquanto choramos, a sociedade aplaude, não importando se o policial que matou era o verdadeiro bandido. 

Inocentes? Como saber, afinal parecia bandido, ou seja, era negro.

A saúde pública está ruim para todos, mas até nesta hora, o negro, ainda mais a mulher negra tem o pior tratamento, afinal, o mito de que ela é mais resistente a dor, resulta em maior tempo de espera para ser atendido e quando acontece o atendimento médico o mesmo é menos qualificado, resultado: maior número de mortalidade durante a gravidez e durante o parto.

E os abortos clandestinos?  É provado estatisticamente, que matam mais as mulheres negras em clínicas de fundo de quintal, ou, até mesmo, nos que são realizados de maneira artesanal.

Nas universidades ainda somos minoria, apesar das cotas, a presença dos negros (as) se restringem a alguns cursos.

E os cargos de gestão, nas Universidades? O negro (a) é minoria.

Teremos uma Eleição para Reitoria da UFRRJ, 04(quatro) chapas se apresentaram cada uma composta com os seus candidatos as Pró - Reitorias e seus adjuntos, onde estão os negros(as)?

Tem chapa que não tem nenhum, em outra vemos um ou dois, cabe destacar que em nenhuma o candidato a Reitor é negro.

Sim, temos negros (as) em cargo de destaque na sociedade, nomes são citados, mas cada vez que isto é feito só reforça a desigualdade de uma sociedade racista.

Sim, basta lutar, dedicar, esforçar, se sacrificar muito que consegue. Mais uma prova que as condições para o negro (a) conseguir ascender socialmente é movida por sacrifício e não por igualdade de condições.

Estamos em uma batalha contra a PEC 55, nenhum direito a menos, os mais penalizados serão os negros (as), pois são os que mais precisam dos serviços públicos.

Dirão alguns, que com este texto, nós, mulheres e homens negros (as) estamos nos vitimando.

O que tem verdade é que se falarmos do racismo, e que ele existe, e que  é praticado todos os dias, continuaremos acreditando na falsa ideologia de que no Brasil não há racismo é que todos são tratados de maneira igual.

Nós mulheres e homens negros, que estamos em todas as partes desta Universidade, lutando muito, ou que em alguns casos, morreram lutando, não queremos piedade, exigimos respeito!

Acreditamos na força da nossa luta, mas temos a consciência que esta luta tem que ser unificada com o conjunto de todos os trabalhadores, é uma luta contra o sistema capitalista, portanto, precisamos de todos para construir um mundo igualitário.

Ivanilda Reis - Coordenadora Geral do Sintur - RJ

AGENDA

JORNAL
SINTUR-RJ

FOTOS

VÍDEOS