Greve na Divisão de Saúde. Por quê?

Postado: 01/12/2017

Por quê o Posto Médico está em greve?

O Postinho não é serviço essencial?

A Divisão de Saúde não tem que ficar aberta na greve para atender as emergências?

Os trabalhadores do Ambulatório Médico da Rural não estão desrespeitando a lei, ao não avaliar a essencialidade do setor?

Primeiro precisamos entender que esta confusão em relação a que nome que se dá a este setor que cuida da saúde da comunidade universitária, se reflete também, na dificuldade de entender o papel deste setor.

A Lei determina que para cumprir o atendimento em locais essenciais precisa ter disponível uma equipe mínima que não coloque em risco a quem será atendido.  No caso da Divisão de Saúde, o setor já funciona com uma Equipe mínima, isto significa que para atender esta exigência legal estaríamos proibidos de fazermos greve, o que legalmente temos direito.

Como a Divisão de Saúde ainda não tem definido seu papel, há um entendimento de toda a comunidade universitária que é um setor de atendimento de emergência. E como emergência não tem horário, trabalharmos em horário administrativo na greve não garante atendimento até ás 17horas, isto porque o Conselho Regional de Enfermagem determina continuidade no atendimento, se recebermos um paciente grave no final do horário teremos que garantir o atendimento até a conclusão deste atendimento. Neste caso o que aconteceria com os outros trabalhadores que estão no horário administrativos na greve? Sairiam ás 17h? A Enfermagem ficaria sozinha?

Ao trabalharmos na greve, respeitando o direito de quem quer fazer greve, significa colocar em risco em alguns casos a vida de um paciente, pois ao reduzir o número de trabalhadores em um setor em que o número do quadro já é insuficiente, significa fazer  um atendimento em condições ainda mais precária do que já é feita cotidianamente.

Alguns médicos assumiram este risco, se responsabilizando em atender sozinhos, mesmo com a possibilidade de chegar um paciente enfartando, o que será impossível fazer os procedimentos necessários sozinhos. Assumiram fazer medicações venosas, mesmo alguns não realizando estes procedimentos há muitos anos. Fazer exames,  que expôs as pacientes, sem acompanhamento da enfermagem. Alguns não farão medicações venosas, mesmo o paciente precisando.  Nós da enfermagem de maneira responsável decidimos não colocar em risco nossa carreira e nem os pacientes, trabalhando na greve sem as condições que garantam um atendimento com as condições mínimas de segurança, para um possível atendimento de emergência. Apresentamos esta  posição em assembleia de greve da categoria.

Por diversas vezes, durante anos, encaminhamos documentos informando sobre a situação caótica que se encontra a Divisão de Saúde e nunca fomos considerados essenciais. O corte de verba atingiu o funcionamento de todos os setores da universidade e com isto agrava-se ainda mais os problemas que sempre existiram. Hoje trabalhamos em um setor que nem água gelada temos para beber durante um plantão de 24 horas. Mas, as nossas reivindicações não se resumem apenas em questões financeiras. Vivemos em uma insegurança constante. O trabalho da área de saúde já é por si só um trabalho que causa estresse. Hoje, isto se agrava a cada dia que chegamos para trabalhar, as informações pelos corredores são constantes, causando preocupação  e insegurança a todos. Questões que deveriam ser discutidas com todos os envolvidos, tomamos conhecimento de maneira informal: “Não terá mais ambulância para atender os pacientes. Iremos chamar a SAMU. Ninguém quer vocês, nem a Reitoria e nem a Pró Reitoria Administrativa, vão todos para a UPA. Este setor será fechado. Na greve o ponto será cortado”.

A greve tem como pauta, além da defesa da carreira, a defesa dos serviços públicos, da universidade, contra a reforma da previdência, por melhores condições de trabalho e ensino. Portanto é uma greve para que possamos continuar a trabalhar e atender a todos que precisam, esta é a forma de luta dos trabalhadores contra um governo que está retirando todos os direitos conquistados.

Internamente, a greve serve também para que tenhamos este espaço para sermos ouvidos, lembrados como essenciais. Portanto pedimos a compreensão e apoio de toda a comunidade universitária, para que junte-se a nossa luta em defesa deste setor tão importante para todos que precisam cuidar da saúde. Somos trabalhadores que cuidam de trabalhadores e precisamos estar bem emocionalmente e ter garantida as condições adequadas de trabalho para que possamos atender a todos com a atenção e responsabilidade que todos os pacientes merecem.

Aprovada em reunião da Enfermagem da Divisão de Saúde da UFRRJ

 

 

 

 

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