Consciência Negra
Todos os dias, o racismo se manifesta no Brasil das mais diversas formas: com opressão, pobreza, violência policial, criminalização do povo negro, falta de políticas inclusivas e tantas outras.
Uma das mais injustas manifestações do racismo é a desigualdade salarial entre negros e brancos. Enquanto brancos recebem em média R$ 3.200, os salários dos negros ficam em R$ 1.850, segundo a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios).
Hoje, no Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, é preciso discutir e cobrar políticas públicas que combatam a desigualdade racial.
É o racismo que empurra os negros para o subemprego, favelas e presídios. Dados do IBGE traçam um retrato dessa desigualdade, em 2021.
A taxa de trabalhadores informais entre a população branca era de 32%; entre os negros, 47%. Na linha da pobreza, o abismo social aprofunda-se. Cerca de 35% dos negros viviam com R$ 486. Já entre os brancos, a taxa era de 18,6%. Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) sobre a violência contra pessoas negras no Brasil em 2021 mostram que, em 2020, 76,2% das pessoas assassinadas eram negras. Entre 2009 e 2019, o número de negros mortos subiu 1,6% e o número de mulheres negras assassinadas teve um aumento de 2%, enquanto o número de não negros mortos caiu 33% e o número de mulheres não negras teve uma redução de 26,9%. A violência de gênero na pandemia demonstra que das vítimas de feminicídio em 2020, 61,8% eram negras. Ainda de acordo com o estudo, entre maio de 2020 e abril de 2021, 28,3% das negras sofreram algum tipo de violência, enquanto 24,6% eram pardas e 23,5% brancas.
Os números mostram claramente que negros são os mais explorados pelo capitalismo, com salários inferiores, exterminados pelo sistema, com menos direitos e piores condições de trabalho. E por isso é fundamental usar o Dia da Consciência Negra para abrir discussões e fortalecer a luta por igualdade.
Bolsonaro promoveu o preconceito
A trajetória política de Jair Bolsonaro é marcada por discursos que promovem o ódio e o preconceito. Seu caráter racista é conhecido há tempos, e exemplos não faltam.
Em 2011, a cantora Preta Gil perguntou ao então deputado Bolsonaro o que ele faria caso seu filho namorasse uma negra. Ele respondeu que não iria discutir “promiscuidade”.
Em 2021, Bolsonaro foi ainda mais longe. Ele parabenizou a Polícia Civil por ter cometido uma das maiores chacinas do Rio de Janeiro, quando 28 pessoas foram assassinadas na favela do Jacarezinho.
Até na campanha eleitoral deste ano ele exibiu seu perfil preconceituoso ao chamar de traficantes os moradores do Complexo do Alemão.
Como é de conhecimento nacional e internacional Bolsonaro é um fomentador de ódio e preconceito não apenas contra negros, mas também contra nordestinos, pobres, LGBTIs e mulheres. Sua derrota nas urnas foi uma vitória do povo atacado por ele.
Lula precisará mostrar compromisso
A partir do dia 1º de janeiro, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terá de adotar medidas efetivas para combater a pobreza e levar qualidade de vida ao povo da periferia.
O Brasil possui mais de 17 milhões de pessoas morando em favelas, sendo que 67% delas são negras. São brasileiros que vivem em condições precárias, distantes de serviços públicos básicos, como hospitais, escolas, transporte e saneamento. Os dados são do Instituto Locomotiva, e essa realidade não pode ser ignorada pelo novo governo.
As medidas tão necessárias passam, por exemplo, por geração de emprego, transferência de renda, moradia para todos, investimentos em serviços públicos e aumento de impostos para os ricos.
Para o SINTUR-RJ, 20 de novembro é uma data para reflexão de todos a fim de que possamos, negros e brancos, lutar para banir definitivamente, o preconceito e o racismo. E esta mudança depende de todos nós. Estamos em um processo histórico e importantíssimo de transição de governo que nos permite vislumbrar uma oportunidade de um recomeço para a luta pela emancipação popular, igualdade de oportunidades e justiça social, cujas políticas afirmativas são uma ação indispensável neste contexto. Que nossa voz, ação, voto e participação sejam a voz contra toda a forma de opressão, intolerância e discriminação.
Fontes: Fórum Brasileiro de segurança pública; PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios: Instituto Locomotiva; Sindmet - SB; Fasubra.
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