Minas Gerais enfrenta caos após fortes chuvas

Postado: 11/01/2022

Em Pará de Minas, há risco iminente de rompimento da barragem hidrelétrica da Usina do Carioca e a população que reside na cidade e municípios vivinhos foi orientada a evacuar suas casas. De acordo o Corpo de Bombeiros, “tem água vertendo por cima e dos lados” da represa, que pertence à empresa Santanense.

Também neste final de semana, um dique transbordou e interditou a rodovia BR-040 na região do município de Nova Lima. Segundo os bombeiros, a estrutura de contenção da Barragem da Mina de Pau Branco, de propriedade da fabricante de tubos Vallourec, não suportou o grande volume de água das chuvas. Nas redes sociais, vídeo mostrou que a estrada se transformou num rio de lama.

A Justiça impôs à Vallourec uma série de medidas para conter os danos do transbordamento. A decisão judicial suspendeu as atividades da empresa no local e o Ministério Público pediu o bloqueio de R$ 1 bilhão, cobrando providências para “conter os danos ambientais e sociais” causados pelo vazamento.

Segundo a Defesa Civil, há cerca de 13 mil pessoas desalojadas e mais de 3 mil desabrigados no estado mineiro. São 19 vítimas fatais registradas, incluindo dez óbitos provocados pela queda de uma rocha em Capitólio, neste domingo.

Como na Bahia, a população sofre com inundações, deslizamentos de terra, queda de pontes e interdições em estradas. Milhares de pessoas estão perdendo todos seus pertences em situações tristes e dramáticas.

Enquanto tudo isso ocorre, o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, escolhido por Bolsonaro para representar o governo federal no apoio às famílias vítimas das chuvas, entrou em férias desde a última quarta-feira (5).

Chuvas e problemas históricos

Em sete regiões de Belo Horizonte, nos últimos dez dias, choveu mais do que o esperado para o mês inteiro, de acordo com boletins meteorológicos. E a previsão é de mais chuvas nos próximos dias. A Bahia, apesar da redução no volume das chuvas, os estragos ainda são sentidos pela população.

O Brasil vive a típica temporada de chuvas neste período do ano, mas o fato é que a destruição vista, como destacam especialistas, não tem a ver apenas com a natureza, mas com problemas estruturais e históricos que os governos costumam, ano após ano, a tratar com descaso.

Em Capitólio, por exemplo, em que 10 pessoas morreram após a queda de parte do cânion no lago de Furnas, neste domingo, a ação das chuvas e de trombas d´água na região teriam precipitado o desprendimento da pedra. Entretanto, vários especialistas em geologia e engenharia alertam que tragédias não ocorrem de uma hora para outra e poderiam ser evitadas com estudos geológicos, combate ao turismo predatório e fiscalização. Mas, até agora, o que vemos são as autoridades se esquivando da responsabilidade.

O estado de barragens no país é outra situação alarmante e que a história já mostrou as consequências do descaso de empresas e governos. O rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, em 2019, é o exemplo mais dramático.  Segundo boletim da Agência Nacional de Mineração, em dezembro de 2021, o país tinha 40 barragens em nível de emergência. Destas, três estão em nível 3, classificadas como situação de “ruptura iminente ou em curso”. Ficam em MG e são de propriedade da Vale: B3/B4 (Nova Lima), Forquilha III (Ouro Preto) e Sul Superior (Barão de Cocais).

Falta de investimentos

Medidas preventivas, como políticas habitacionais para a construção de moradias, regularização de bairros, investimentos em infraestrutura e sistemas de prevenção poderiam evitar ou minimizar a ação de acontecimentos naturais como as chuvas. Porém, não é essa a política permanentes dos governos. Segundo o jornal O Globo, o orçamento federal para ações relacionadas a desastres teve queda de 75% em 2021.

Isso sem falar, que para favorecer os negócios de mineradoras ou conglomerados turísticos, por exemplo, os governos fecham os olhos para ações predatórias sobre a natureza que agravam a situação para esses momentos de tragédia. Ou ainda, no contexto de mudanças climáticas em todo o planeta que também propiciam cada vez mais eventos extremos.

O fato é que, ano após ano, mesmo quando não ocorrem fenômenos mais extremos, o que se vê na temporada de chuvas são tragédias em razão de deslizamentos e alagamentos que atingem principalmente os mais pobres e vulneráveis.

CSP-Conlutas articula solidariedade

A direção estadual da CSP-Conlutas em Minas Geral agendou para esta terça-feira (11) uma reunião para discutir a campanha de solidariedade às vítimas das chuvas no estado, bem como a 3ª Romaria pela Ecologia Integral que acontecerá de 20 a 27 de janeiro para marcar os três anos do rompimento da barragem do Córrego do Feijão, da Vale, em Brumadinho (MG). 

Fonte: Com informações da CSP Conlutas

AGENDA

JORNAL
SINTUR-RJ

FOTOS

VÍDEOS