25 de Julho - Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha

Postado: 24/07/2021

“Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha”

O dia 25 de julho, “Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha”, é um marco na luta e resistência da mulher negra contra o racismo, a desigualdade, a opressão de gênero e a exploração de classe. A pandemia da Covid-19 no Brasil, em conjunto com a ausência de políticas públicas de um governo declaradamente racista, escancarou as desigualdades e vulnerabilidades da população negra no país, sobretudo em relação às mulheres. É o que revela o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), no capítulo “Igualdade Racial”, na edição 28 do Boletim de Política Social (BPS), publicado no último dia 16 de julho.

A pesquisa considerou as condições estruturais de maior vulnerabilidade do povo negro nas mais diversas áreas da vida social e cotidiana, desde as desigualdades no âmbito educacional e do trabalho, até as desigualdades de acesso a serviços de saneamento básico, de saúde e à violência que atinge essa população com muito mais intensidade. “É este cenário de racismo estrutural – e não aspectos da biologia destes grupos – que torna a população negra particularmente vulnerável à pandemia da Covid-19, seja no que se refere aos efeitos em termos de saúde (morbimortalidade), seja no que diz respeito aos efeitos econômicos, os quais podem também resultar em mortalidade pela fome, pela pobreza e pela falta de acesso a condições mínimas de garantia da vida”.

O estudo afirma que quando interliga as desigualdades de gênero, a vida das mulheres negras é ainda mais impactada pelas consequências da pandemia da Covid-19 (ONU Mulheres, 2020). Segundo a análise, o contágio por coronavírus entre a população negra deve-se exatamente às condições de sua inserção laboral no mercado de trabalho, com a presença em trabalhos e empregos de alta precarização, nos quais não são garantidas condições mínimas de segurança para evitar a contaminação.

Conforme o Ipea, as atividades mais diretamente ligadas ao trabalho de cuidados – dos espaços e das pessoas – aquelas onde as mulheres estão mais presentes, sendo que, quanto mais precária for a ocupação, maior tende a ser a presença de mulheres negras. “É assim que o trabalho doméstico remunerado – que foi considerado uma atividade essencial por alguns governos subnacionais, o que é bastante controverso – é um trabalho basicamente de mulheres e de mulheres negras, que respondem, sozinhas, por 61% da categoria”, destaca a publicação.

O estudo ainda reforça que os setores de limpeza, alimentação, assistência social e farmácia são majoritariamente femininos, enquanto os de segurança, transporte, coleta de lixo, construção civil e frentistas tem maior presença masculina, evidenciando uma divisão sexual bastante tradicional das competências e habilidades associadas a homens e mulheres em sociedade. “Ou seja, há uma evidente divisão racial e sexual do trabalho essencial, que coloca negros e mulheres em grande risco e exposição ao contágio pela Covid-19”.

Dados da PNAD Contínua 2019, mostram que enquanto os negros são apenas 33% dos profissionais que ocupam cargos de dirigentes nos serviços de saúde, eles alcançam 43% entre os profissionais de atendimento direto (como enfermeiras, médicas, técnicas de enfermagem, fisioterapeutas etc.), mas são maioria (53,3%) apenas entre os demais profissionais que atuam nos serviços de saúde, como as cozinheiras, as responsáveis pela limpeza, as que atuam nas lavanderias ou em outros serviços de apoio e administrativo. “Nota-se aqui uma divisão racial que tende a destinar à força de trabalho negra as ocupações de bastidores ou o trabalho sujo, enquanto aos brancos cabem as ocupações mais valorizadas e reconhecidas”, avalia o estudo.

Outro importante dado que o Ipea traz é o número de mortes por Covid-19 das gestantes e puérperas. Pesquisa da Organização Pan-americana Saúde (OPAS) mostra que, entre janeiro e abril de 2021, o Brasil foi o país com maior número de óbitos de gestantes e puérperas entre os doze países acompanhados pela instituição. “A taxa de letalidade pela Covid-19 entre estas mulheres atingiu 7,2%, valor que é mais de duas vezes a taxa de letalidade média do vírus no país, que alcançou 2,8% no período em tela (OPAS, 2021). As negras deste grupo apresentam o dobro da probabilidade de morte das brancas (Santos et al., 2020)”.

As lutas das mulheres negras são temas frequentes dno SINTUR-RJ. Para a entidade a luta dos movimentos sindicais e sociais devem intensificar ações para proteger a população negra em tempos de pandemia e de política genocida do governo. É importante ressaltar a necessidade de políticas públicas voltadas às mulheres negras, em especial em tempos de crise sanitária, e defende vacinação para todas e todos.

Fonte: Fasubra:

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