Mulheres Homenageadas

Postado: 06/04/2021

06º de abril

"O que eu faço é simples: ponho pão nas mesas e compartilho-o." Madre Teresa de Calcutá.

Madre Teresa de Calcutá (1910-1997), a freira dos pobres, conhecida como “a santa das sarjetas”, foi uma religiosa católica, nacionalizada indiana, que foi declarada como Santa em 2016.

Madre Teresa foi canonizada no dia 04 de setembro de 2016 pelo Papa Francisco.

Sua beatificação havia sido realizada por João Paulo II no dia 19 de outubro de 2003.

Agnes Gonxha Bojaxhiu é o nome verdadeiro de Madre Teresa que nasceu no dia 27 de agosto de 1910 em Escópia, capital da Macedônia. Seus pais eram albaneses.

Em 1928, aos 18 anos, Madre Teresa entrou para a ordem religiosa Irmãs de Nossa Senhora de Loreto, na Irlanda. Seu nome é uma homenagem à Santa Teresa de Lisieux, popularmente conhecida no Brasil como Santa Teresinha do Menino Jesus.

Madre Teresa de Calcutá

O nome Teresa foi adotado em 1931, quando a madre foi para a Índia, dando início à sua vida de missão humanitária.

Na Índia, Madre Teresa foi professora e onze anos após sua chegada, deixa o convento para fundar a congregação religiosa das Missionárias da Caridade. As primeiras a se juntarem à ela nesse trabalho foram suas antigas alunas.

A religiosa explica que tinha recebido o que ela denominou de um "chamado dentro do chamado". Ou seja: já tinha sido chamada à vida religiosa e agora, deveria redirecionar sua vocação para ajudar aos mais pobres.

Assim, foi morar nas favelas indianas e a partir da década de 50 trabalha na construção de locais de acolhimento, hospitais e escolas. Dedicou sua vida aos pobres, crianças e doentes.

Em virtude do trabalho humanitário desenvolvido, recebeu condecorações e títulos. Em 17 de outubro de 1979, foi congratulada com o Prêmio Nobel da Paz pela luta contra a pobreza.

Madre Teresa recebe o Prêmio Nobel da Paz (1979)

Madre Teresa era amiga da Princesa Diana (1961-1997), que também ficou conhecida especialmente pelo seu trabalho humanitário.

Também o papa João Paulo II (1920-2005) visitou um dos seus abrigos e ficou cuidando dos doentes durante um dia. Em esta ocasião, Madre Teresa afirmou que aquele havia sido o "dia mais feliz de sua vida".

Atualmente, as Missionárias da Caridade estão presentes em mais de 133 países e somam 4500 membros em todo mundo.

Madre Teresa morreu em 5 de setembro de 1997, vítima de ataque cardíaco, em Calcutá. Tinha 87 anos e foi sepultada na Índia.

Dada sua importância, seu nome batizou hospitais, colégios e institutos. O filme "Madre Teresa", de Fabrizio Costa, que recebeu o Prêmio Camie em 2007, conta a sua história.

Sua beatificação aconteceu em decorrência do reconhecimento do seu primeiro milagre.

Em 2002, Por intercessão de Madrid Teresa, a indiana Monica Besra teria sido curada de um tumor abdominal.

O segundo milagre, que promoveu a sua canonização, aconteceu no Brasil. Segundo a igreja acredita, em 2008, novamente devido ao auxílio de Madre Teresa, o brasileiro Marcílio Haddad Andrino, teria sido curado de tumores no cérebro.

A canonização da madre é questionada não só em decorrência da confirmação dos possíveis milagres que teria realizado, mas também pelo comportamento que a religiosa teve ao longo de sua vida. Exemplo disso é a sua posição quanto ao controle da natalidade (do qual era contrária).

A forma como são conduzidos os trabalhos nos locais por ela fundados são outras das principais críticas feitas por aqueles que se opõem ao título concedido à madre.

Frases de Madre Teresa

Todas as nossas palavras serão inúteis se não brotarem do fundo do coração.

As palavras que não dão luz aumentam a escuridão.

É fácil amar os que estão longe.

Mas nem sempre é fácil amar os que vivem ao nosso lado.

As palavras de amizade e conforto podem ser curtas e sucintas, mas o seu eco é infindável.

Temos de ir à procura das pessoas, porque podem ter fome de pão ou de amizade.

A falta de amor é a maior de todas as pobrezas.

O que eu faço é simples: ponho pão nas mesas e compartilho-o.

Quem julga as pessoas não tem tempo para amá-las.

Fonte:

Juliana Bezerra

Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ.

05º de abril

Sua história virou filme lançado em 2015, "Nise - O coração da Loucura." Nise Silveira

Pioneira da terapia ocupacional, a alagoana Nise da Silveira mudou os rumos dos tratamentos psiquiátricos no Brasil. Filha de uma pianista com um professor de matemática, ela se rebelou contra os métodos agressivos aplicados em pacientes com transtornos mentais, como o eletrochoque e o confinamento. A psiquiatra nasceu em 1905 e morreu aos 94 anos.

Única mulher na turma de Medicina

Antes de revolucionar a psiquiatria, Silveira já deixava sua marca na Faculdade de Medicina da Bahia, onde foi a única mulher em uma turma de 158 alunos. Concluiu o curso com o estudo “Ensaio Sobre a Criminalidade da Mulher no Brasil”.

Presa política no governo de Getúlio Vargas

Acusada de se envolver com o comunismo ao manter livros subversivos, a psiquiatra foi presa durante o Estado Novo de Getúlio Vargas, entre 1936 e 1937, período em que conheceu no presídio a revolucionária Olga Benário e o autor alagoano Graciliano Ramos. Este chegou a mencioná-la na obra Memórias do Cárcere.

Oposição aos tratamentos agressivos dos manicômios

Silveira se manifestou contra os tratamentos agressivos enquanto trabalhava no antigo Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II, no Rio de Janeiro. Avessa aos eletrochoques, isolamentos, lobotomias e camisas de força, foi transferida para a área de terapia ocupacional, considerada uma repreensão. Mas foi lá que a psiquiatra encontrou o espaço necessário para investir em métodos humanizados na recuperação de pacientes.

A arte como aliada

Um dos tratamentos desenvolvidos por Silveira foi a expressão dos sentimentos pelas artes, especialmente em pinturas. A produção artística de alguns pacientes ganhou reconhecimento pela qualidade estética, além de ter demonstrado resultados positivos na recuperação. As obras estão expostas no Museu de Imagens do Inconsciente, inaugurado em 1952 por Silveira, cinco anos após fundar a Seção de Terapêutica Ocupacional e Reabilitação no centro onde trabalhava. Elas já haviam ganho notoriedade ao serem expostas no Museu de Arte Moderna de São Paulo e na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. A instituição Casa das Palmeiras, criada por Silveira em 1956 e focada em reabilitar sem internação, também investiu no processo criativo e afetivo dos pacientes.

Os animais também ajudavam no tratamento

Além da arte, o contato com cães e gatos também foi um dos tratamentos introduzidos por Silveira no Brasil. Os pacientes podiam cuidar dos animais que estavam nos espaços abertos do centro, estabelecendo vínculos afetivos. A psiquiatra escreveu um livro dedicado aos felinos, chamado Gatos, a Emoção de Lidar.

Interesse de Carl Jung

Um dos mais conhecidos psiquiatras e psicoterapeutas da história, o suíço se correspondia com a médica brasileira. Ela chegou a ser convidada a passar um ano estudando no Instituto Carl Gustav Jung, na Suíça, em 1957. Silveira havia relatado em carta o tratamento que desenvolveu e encaminhado para Jung fotografias de desenhos realizados pelos pacientes. Ela se tornou uma das principais precursoras das práticas junguianas no Brasil e formou o Grupo de Estudos C. G. Jung, além de ter escrito Jung: Vida e Obra.

Sua história virou filme

Lançado em 2015, “Nise – O coração da Loucura”, foi dirigido por Roberto Berliner e baseado no livro “Nise - Arqueóloga dos Mares”, de Bernardo Horta. Ele retrata a importância da trajetória da psiquiatra alagoana na medicina brasileira.

01º de abril

" É BOM SER MULHER NEGRA."

Isabel Cristina Baltazar

Auxiliar de Serviços Gerais do MS, nascida e criada em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, Isabel Cristina foi casada, mãe de 3 filhos e avó. Daquelas que deu certo em uma família dirigida por mulheres negras e fortes. Não podemos esquecer de Maria Helena, sua mãe. Se tratavam pelos nomes, não tinha esse papo de mãe, se chamavam pelos nomes.

Surgiu em uma assembleia no local de trabalho, Pam 404, na Brigadeiro Lima e Silva no Centro de Caxias. Logo vimos o seu potencial, como ela dizia: ” É BOM SER MULHER NEGRA”.

Começou sua militância na base da Saúde Federal do Sindsprev/RJ. Partidariamente, começou na Convergência Socialista, PSTU e por último estava no PSOL.

No ano de 1994, foi para a Conferência Interamericana Pela Igualdade Racial, em Salvador. Quando voltou, decidiu militar no Movimento Negro. A primeira coisa que fez foi tirar o seu apelido. No seu local de trabalho, todos a chamavam de XUXA, disse que a partir daquela data ela se chamava ISABEL CRISTINA. Quem a chamasse pelo apelido, ela iria ignorar.

Criou o Departamento de Gênero, Raça e Etnia no Sindsprev/RJ e logo fez parte da Comissão Antirracista da CUT/RJ. Acreditava também que a questão racial tinha que ser unificada na esfera sindical, organizando vários encontros e debates com as categorias organizadas e não organizadas no Rio de Janeiro.

Foi dirigente do MNU e do Movimento de Mulheres Negras. Era daquelas que quando fazia uma intervenção, se fazia um silêncio sepulcral. Convencida da política, aplicava até às últimas consequências.

Tinha outra característica: sua religiosidade. Em momento algum escondia. Camdomblecista na veia, pedia licença das tarefas para “deitar o santo”. Vestia branco às segundas e sextas-feiras. E os turbantes? Cada um mais lindo que o outro. Que saudades…

A vida era dura com ela. Tinha dias de chorar, porque saía de casa e deixava arroz e ovo para as crianças se alimentarem. Era muito prole, mas rapidamente enxugava as lágrimas, abria aquele sorriso e dizia: “vamos mudar isso, é pra isso que milito”.

Para Isabel, tarefa dada era tarefa cumprida.

Tinha sempre uma política para tocar em prol da luta antirracista e por uma saúde pública e de qualidade.

Transitava em todos os setores do movimento, dos mais à direita à extrema esquerda. Nos fóruns, disputava a política e, perdendo ou ganhando, logo estava ela sorrindo com os companheiros adversários.

Uma das suas pérolas: entrava no avião e a tripulação só falava com ela em inglês. Não conseguiam imaginar que uma mulher preta, pobre e de Caxias pudesse andar de avião. Bizarro, né?

Era conhecida como a Rosa Negra do Movimento Sindical. Tinha um brilho próprio. Onde chegava abalava. Pelo sorriso e respeito.

Uma das suas últimas empreitadas foi fazer o Intercâmbio dos sindicalistas negros com a Comunidade Angolana. Dizia que a luta racial é internacional e que tínhamos que saber e conhecer tudo sobre o nosso país de origem.

O Cônsul de Angola foi no seu enterro… era danada!!!

Já pensaram se ela estivesse viva vendo o que foi o Movimento Vidas Negras Importam? Deve estar muito feliz.

Mas tinha uma saúde frágil. Era cardiopata grave, tinha o coração grande na essência da palavra. Fazia tratamento no INCOR de São Paulo. O tratamento era para o coração parar de crescer, sabia que podia ir a qualquer momento, podia dormir e não acordar.

Por isso, vivia tão intensamente. Só tinha que dormir e ver os filhos e, por último, a neta.

Estava na fila do transplante, mas quis os Orixás que ela nos deixasse no dia 30 de março de 2009. Acordou, falou com a irmã e voltou a dormir… não acordou… aos 43 anos.

ISABEL CRISTINA, PRESENTE!!!!!


31º de março

A melhor Cantora do Milênio é uma sobrevivente - Elza Soares 

A cantora Elza Soares tem nada menos que 90 anos de idade. Se o tempo de vida impressiona, a voz marcante e a força da artista chamam ainda mais atenção. Contrariando estereótipos, Elza se mantém ativa na música, e cada vez mais empoderada.

Sempre que alguém pensa que ela vai parar, Elza volta com um show, uma live, um clipe ou um novo single. Declarada pelos fãs como patrimônio cultural brasileiro, o nome da cantora se tornou símbolo de resistência — afinal, isso foi o que ela mais fez em toda a sua trajetória: resistir.

Elza recebeu de presente a vida longa, e resolveu presentear o mundo de volta com sua música.

São 90 anos de vida, 70 de carreira e uma história tão impactante que fica difícil resumir. Afinal, como diz a música que Chico Buarque compôs especialmente pra ela, Elza Soares é Dura Na Queda.

Elza nasceu no dia 23 de junho de 1930, no Rio de Janeiro. De família humilde, cresceu morando em um cortiço no bairro Água Santa, na capital carioca. Nessa época já gostava da música: cantava quando ia buscar água no poço e com o pai, que tocava violão nas horas vagas.

A infância da menina, entretanto, terminou cedo. Aos 11 anos, Elza Gomes da Conceição foi obrigada a se casar com Lourdes Antônio Soares, um amigo do pai, bem mais velho que ela. Foi nessa época que ela virou Elza Soares.

Menos de um ano depois do casamento, Elza deu à luz ao seu primeiro filho. Nessa época, ela tinha cerca de 12 ou 13 anos.

Durante a adolescência, transformada em uma mulher adulta pelo casamento precoce, Elza sofreu agressões e violências sexuais que a marcaram pelo resto da vida — e que se transformaram em protestos que ela apresenta por meio de sua música.

Primeiro passo na música
A primeira apresentação pública da Elza Soares não aconteceu por bons motivos: com o filho pequeno doente, sem poder contar com ajuda dos pais ou do marido, a menina se inscreveu para participar do tradicional programa de calouros do radialista Ary Barroso.

Pode até ser que naquela época ela já tivesse pretensões artísticas, mas o que Elza queria de verdade era o dinheiro dado aos vencedores do programa, para que pudesse cuidar do filho. Ela se apresentou no programa escondida, sem que a família soubesse.

Planeta fome
A figura de uma menina minúscula, que tinha só 32kg, usando roupas emprestadas da mãe, presas com alfinetes pra não caírem, chamou atenção do público e do apresentador.

Naquele dia, Elza não só ganhou o prêmio, como também disse uma das frases mais icônicas de sua carreira.

Ao ser questionada por Ary Barroso sobre “que planeta vinha”, Elza já tinha a resposta na ponta da língua: do planeta fome. Também foi naquele dia que o radialista deu o veredito sobre a carreira de Elza, ao dizer que, naquele momento, nascia uma grande estrela.

Uma história de muita luta
Infelizmente, a aparição no programa não resolveu os problemas de Elza. Seus dois primeiros filhos morreram ainda bebês, por causa da desnutrição.

Em 1950, teve uma filha sequestrada, e só voltou a reencontrá-la 30 anos mais tarde. Mais ou menos na mesma época, Elza ficou viúva, e teve que fazer de tudo e mais um pouco para sustentar os filhos.

Já na década de 60, Elza Soares participou de outro concurso musical no rádio, e venceu novamente. Dessa vez, ela ganhou um contrato fixo pra se apresentar semanalmente. Com o rádio e as apresentações em casas de show, Elza finalmente conseguiu começar a viver de música.

Casamento com Garrincha e morte de mais um filho
Alguns anos depois, veio o segundo casamento, com o jogador de futebol Mané Garrincha. A relação conturbada durou 16 anos e terminou devido a uma nova onda de agressões.

Novamente, assim como no primeiro casamento, Elza sofreu violência física, que era agravada pelo alcoolismo do marido.

Um ano depois da separação, Garrincha faleceu, deixando um filho pequeno com Elza, que ficou conhecido como Garrinchinha. O menino morreu três anos depois, aos nove anos, em um acidente de carro, somando mais uma perda na longa lista de sofrimentos da mãe.

As histórias de violência vividas durante a vida são presentes também nas músicas de Elza. A letra de Maria da Vila Matilde, que se tornou um hino do movimento feminista, é o retrato mais sincero da reação que a cantora sempre teve diante de tudo isso: resistência.

Melhor Cantora do Milênio
A voz rouca e o jeito “exótico”, como a própria Elza se define, sempre foram motivos que chamaram atenção do público e de outros artistas.

Em 2000, Elza Soares recebeu da BBC Londres o título de Melhor Cantora do Milênio. Naquela época, ela já tinha mais de 40 anos de carreira e uma longa lista de sucessos.

Cada vez mais empoderada e consciente de sua grandeza, Elza seguiu a carreira com grandes parcerias e um sucesso crescente. Em 2015, ela gravou o álbum A Mulher do Fim do Mundo, o primeiro de sua carreira a conter só músicas inéditas.

Um acidente, uma cirurgia e uma promessa

Em 2013, Elza Soares sofreu um acidente no palco e desde então passou a se movimentar com muita dificuldade. Em 2014 ela passou por uma cirurgia em que precisou colocar 8 pinos na coluna.

Apesar de tudo isso, e já aos 90 anos de idade, Elza continua se apresentando e gravando novos sucessos, sob a promessa de cantar até morrer.

Hoje ela só se apresenta sentada e praticamente imóvel, mas não perde a imponência. Elza Soares resistiu à violência, à fome, ao preconceito e até mesmo ao tempo, para se tornar um ícone da música nacional e um símbolo de luta contra a opressão.

25º de março

Maria da Penha, uma mulher que sobreviveu na luta
A farmacêutica sofreu duas tentativas de homicídio e lutou durante 19 anos e 6 meses para colocar seu agressor na prisão.
Na madrugada de 29 de maio de 1983, Maria da Penha foi acordada com um estouro no quarto. Assustada, tentou se mexer, mas não conseguia. Ela havia levado um tiro. Seu primeiro pensamento naquele momento foi: “O Marco [seu então marido] me matou”.
O homem foi encontrado pelos vizinhos sentado no chão da cozinha da residência, com o pijama rasgado e uma corda no pescoço. Ele criou uma versão falsa da história: afirmou que quatro assaltantes entraram na residência e tentaram enforcá-lo.

24º de março

Um sorriso negro,

Um abraço negro

Trás felicidade

Negro sem emprego

Fica sem sossego

Negro é a raiz de liberdade - Dona Yvone Lara

Yvonne Lara da Costa (Rio de Janeiro, Brasil, 1922 - Rio de Janeiro, Brasil, 2018). Compositora, cantora e instrumentista. Uma das pioneiras no samba como compositora e intérprete, é a primeira mulher a integrar a Ala dos Compositores da Império Serrano, escola para a qual produz, na década de 1960, o samba-enredo “Os Cinco Bailes da História do Rio”.
Nascida no bairro carioca de Botafogo, vive sua infância em um ambiente doméstico que favorece seu contato com a música – a mãe cantora, o pai violinista e, mais tarde, as rodas de choro organizadas na casa de seu tio Dionísio Bento da Silva referenciam sua musicalidade. A tia Teresa participa desses eventos, cantando as cantigas dos escravos negros, os jongos.

Após a morte do pai, muda-se com a mãe para a Tijuca. Estuda no internato Colégio Municipal Orsina da Fonseca e tem aulas de música erudita com Zaíra de Oliveira e Lucília Villa-Lobos, que a indica para o Orfeão dos Apiacás, da Rádio Tupi, regido pelo maestro Heitor Villa-Lobos (1887-1959). Dessas relações resulta a sofisticação melódica e harmônica de suas obras.

Sua sensibilidade musical manifesta-se aos 12 anos, quando compõe Tié, nome de um pássaro que lhe é dado de presente pelo tio Mestre Fuleiro. O nome Tié e a expressão moçambicana oialá-oxa inspiram esse primeiro trabalho, uma parceria com seus primos Fuleiro e Hélio.

Aos 17 anos, vai morar no subúrbio de Inhaúma com seu tio Dionísio, com quem aprende a tocar cavaquinho. Na ocasião, inscreve-se no concurso da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto e, aprovada, passa a receber uma bolsa, que ajuda no sustento da casa. Já formada, em 1943, exerce a função de plantonista de emergência e, nas horas de folga, participa das rodas de choro organizadas na casa do tio, com a presença de Pixinguinha (1897-1973) e Jacob do Bandolim (1918-1969).

Em 1945, Ivone decide fazer um curso para se tornar assistente social. Logo que se forma, é contratada pelo Instituto de Psiquiatria do Engenho de Dentro, no qual permanece por 30 anos, até se aposentar. Especializa-se em terapia ocupacional e trabalha no Serviço Nacional de Doenças Mentais com a doutora Nise da Silveira (1905-1999), médica que revoluciona o tratamento psiquiátrico no Brasil. Sempre priorizando o trabalho de enfermeira, programa suas férias para fevereiro, para poder participar dos desfiles de Carnaval. Nesse período, frequenta a escola de samba Prazer da Serrinha, para a qual compõe, em 1947, Nasci para Sofrer, canção com que a escola desfila nesse ano. Com o fim de Prazer da Serrinha, passa a frequentar a Império Serrano, escola para a qual compõe alguns sambas, mas sem perspectiva de se profissionalizar na música. É dessa época o samba Não Me Perguntes, com Mestre Fuleiro, considerado o hino da escola. Como suas músicas são constantemente entoadas nas rodas de samba do bairro Madureira, reduto da Império Serrano, ela ganha reconhecimento e passa a integrar a ala dos compositores, espaço até então restrito aos homens. A tradição das escolas reserva às mulheres o papel de pastora, cabendo a elas memorizar a letra e entoá-la na quadra em meio à batucada. A sambista rompe essa barreira, mas leva consigo o timbre e a dicção do canto das pastoras.
Superando preconceitos para se lançar como compositora, é a primeira mulher a integrar a ala dos compositores da escola de samba, assinando, em 1965, com Bacalhau e Silas de Oliveira (1916-1972) Os Cinco Bailes da História do Rio, samba-enredo da Império Serrano no Carnaval que comemora os 400 anos da cidade. Desde 1968, Ivone desfila na ala das baianas dessa escola.

Até o fim da década de 1960, a atuação artística de Ivone está restrita à comunidade carnavalesca, mas seu público ouvinte se amplia a partir de apresentações nas rodas de samba do teatro Opinião, que fica em Copacabana, Rio de Janeiro, frequentado pela intelectualidade e por artistas, como Nara Leão (1942-1989) e Carlos Lyra (1939).

Em 1970, adota o nome artístico de Dona Ivone Lara. Nesse ano, participa do disco Sargentelli e O Sambão, gravado ao vivo, com as faixas Agradeço a Deus e Sem Cavaco Não, ambas feitas em parceria com Mano Décio da Viola (1909-1984). A gravação de discos consolida a carreira de Dona Ivone Lara, que é identificada pela crítica, na década de 1970, como uma das melhores compositoras de samba do Brasil. Uma das características marcantes de seu trabalho é a melodia de seus sambas; as letras geralmente ficam por conta de parceiros.

Faz o primeiro show solo em 1974, na boate Monsieur Pujol, produzido pelos jornalistas e agitadores culturais cariocas Sérgio Cabral e Albino Pinheiro. Com Délcio Carvalho (1939-2013), seu parceiro mais constante, compõe Samba Minha Raiz (1976), Acreditar (1976) e Sonho meu (1978). Recebe, por essa última composição, o prêmio Sharp de melhor música do ano. Em 1978, lança seu primeiro LP, Samba, Minha Verdade, Samba Minha Raiz.

Grande parte das obras de Dona Ivone explicita a herança africana do samba de roda, do jongo e do partido-alto, como Axé de Langa (Pai Maior,1980) e Roda de Samba pra Salvador (1982). Essas obras evocam o universo musical dos morros cariocas de sua infância, como ela relembra em Axé de Langa:

Tia Teresa nos contava

a história do vovô

que tirava irmão do tronco

escondido do senhor

pra curar seus ferimentos

com o banho de abo

Ianga, Ianga que tipoiIanga

didianga me...

Essa vertente lhe vale o apelido de "Mãe de Angola", quando, na década de 1980, viaja pela África, em uma temporada de shows produzidos por Fernando Faro. Além da África, torna-se conhecida em outros continentes por ocasião da divulgação do LP Ivone Lara, gravado em 1985 pela Som Livre, com apresentação nos Estados Unidos, Japão e países europeus.

23º de março

Mulher negra pioneira na luta por direitos das trabalhadoras domésticas - Laudelina de Campos Melo
Laudelina de Campos Melo nasceu na cidade mineira de Poços de Caldas em 12 de outubro de 1904, menos de 20 anos depois da abolição da escravatura no país, em 1888. Ela começou a trabalhar aos sete anos de idade, teve que deixar a escola para cuidar dos irmãos enquanto a mãe trabalhava e aos 16 anos passou a atuar em organizações sociais do movimento negro.
Em 1930, já morando em São Paulo, a trajetória de Laudelina ganhou atuação política quando se filiou ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) e militou pela Frente Negra Brasileira (FNB).
No início desta década fundou a primeira associação de trabalhadores domésticos do Brasil, em Santos. Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1946), Laudelina se alistou para trabalhar como auxiliar de guerra no país. "Hitler foi o maior carrasco que existia naquela época. Dizia no Livro Azul que ele eliminaria todas as raças que não fossem arianas, principalmente a raça negra seria eliminada. Então aquilo me levou, me trouxe uma revolta dentro de mim. Então resolvi me alistar para servir a pátria", explicou Laudelina a Elisabete Pinto.

Ela atuou como trabalhadora doméstica até meados dos anos 1950, quando morava em Campinas (SP), depois disto passou a ganhar dinheiro por meio uma pensão que montou e de salgados que vendia em campos de futebol. A associação fundada por ela havia voltado a funcionar com o fim da ditadura varguista, em 1946, mas a trajetória de perseguições não havia acabado. Com o golpe militar de 1964, que instituiu novamente uma ditadura no país, a associação dos trabalhadores domésticos precisou se abrigar no partido UDN (União Democrática Nacional), cuja principal liderança era Carlos Lacerda, para não fechar as portas.
Por estar doente, Laudelina acabou se afastando de sua entidade no fim dos anos 1960, e só voltaria a ela já no fim da ditadura. Em 1988, com a promulgação da nova Constituição, a associação finalmente se tornaria um sindicato. A trajetória de Laudelina) foi fundamental para a organização da categoria na busca de direitos. Laudelina morreria em 1991, aos 86 anos de idade, em Campinas.

 

18º de março

" Numa sociedade racista, não basta não ser racista. É necessário ser antirracista."
Angela Davis
Nascida em 1944 no Alabama, um dos estados mais racistas do sul dos Estados Unidos, Angela Davis, hoje com 76 anos, é uma professora e filósofa socialista conhecida por sua militância em prol dos direitos das mulheres e contra a discriminação social e racial, principalmente em relação à população negra.
A filósofa cresceu em uma cidade com segregação racial, em que havia muitos casos de ataques a casas e igrejas de bairros negros, e onde a presença de membros da Ku Klux Klan era constante.
Antes de ser reconhecida como uma das figuras mais relevante da luta pelos direitos civis nos EUA, Angela Davis começou a trilhar seu caminho como intelectual aos 14 anos, quando participou de um intercâmbio colegial que destinava bolsas de estudos para alunos negros sulistas em escolas integradas no norte do país.
Essa passagem a levou a estudar filosofia na Universidade de Brandeis, em Massachussets. Pouco tempo depois foi para a Alemanha realizar pesquisas para o mestrado na Universidade da Califórnia, em San Diego. Seus estudos facilitaram o contato de Davis com o comunismo e o socialismo teórico.
Sua atuação na militância começou na década de 1960, quando passou a militar ativamente entre os movimentos negros e feministas que estavam impactando a sociedade norte-americana naquele período. Angela Davis começou como filiada do Student Nonviolent Coordinating Committee (Comitê Conjunto de Não Violência dos Estudantes) e logo depois passou a atuar entre movimentos e organizações políticas como os Panteras Negras.
Prisão e notoriedade
Em 1970, Angela Davis tornou-se a terceira mulher a constar na lista dos dez fugitivos mais procurados pelo FBI (Departamento Federal de Investigação da polícia dos Estados Unidos).
Entre as acusações atribuídas a ela pelas autoridades constavam: conspiração, sequestros e homicídio. As acusações surgiram devido à suposta ligação de Angela Davis com uma tentativa de fuga do tribunal do Palácio de Justiça do condado de Marin, localizado em São Francisco.
Naquele período, Davis participava ativamente dos esforços dos Panteras Negras para conseguir o apoio da sociedade a três militantes que estavam presos: George Jackson, Fleeta Drumgo e John Clutchette, que eram conhecidos como os “Irmãos Soledad”, após terem sido presos na Prisão de Soledad, em Monterey.
Em 7 de agosto, o irmão de George, Jonathan Jackson, invadiu o julgamento de seu amigo James McClain, então acusado de ter esfaqueado um policial, junto com dois rapazes armados para ajudar na tentativa de fuga do réu. Jonathan rendeu os presentes no julgamento e conduziu o juiz, o promotor e membros do júri para um veículo que os esperava do lado de fora.A investigação do caso revelou que a arma utilizada por Jonathan estava registrada no nome de Angela Davis.
Após a sua prisão ser decretada no estado da Califórnia e com o FBI a perseguindo, Davis fugiu e desapareceu por dois meses. No entanto, foi alvo de uma extensa investigação coberta pela mídia. No final, acabou sendo presa em Nova Iorque em outubro de 1970.
O julgamento de Davis foi realizado, recebendo grande atenção da mídia, e ajudou a colocar em destaque a discussão sobre a condição da população negra na sociedade norte-americana.
O julgamento se estendeu ao longo dos dezoito meses seguintes com manifestações diárias pedindo a libertação de Angela Davis do lado de fora do tribunal e por diversos pontos dos EUA, sendo transmitidos pela televisão. Ao final do julgamento, Davis foi inocentada de todas as acusações e libertada. Mas a partir daquele momento seu nome foi lançado para o mundo e ela aproveitou para ampliar as discussões sobre as pautas que defendia.
Ela continua até hoje sua carreira política através da literatura e de palestras, sendo vista em espaços universitários e manifestações políticas.
Atualmente, é professora emérita do departamento de estudos feministas da Universidade da Califórnia, a mesma instituição que a demitiu por seu posicionamento político e ativismo.
É autora de obras que abordam as condições carcerárias nos EUA, a disputa de classe, o racismo, o papel da mulher negra em uma sociedade desigual e racista.
Entre suas obras mais conhecidas estão: ‘Mulheres, raça e classe’ (2016), ‘A liberdade é uma luta constante’ (2016) e ‘Mulheres, cultura e política’ (2018) 

 

17º de março

" ... a gente nasce preta, mulata, parda, marrom, roxinha, etc... mas tornar-se negra é uma conquista."
Lélia Gonzalez
Lélia Gonzalez nasceu em 1º de fevereiro de 1935, em Minas Gerais, filha do negro ferroviário Accacio Serafim d’ Almeida e de Orcinda Serafim d’ Almeida Lélia de Almeida González.

Era a penúltima de 18 irmãos. Com a mãe indígena, que era doméstica, recebeu as primeiras lições de independência. Mudou-se com a família em 1942 para o Rio de Janeiro, acompanhando o irmão Jaime, jogador de futebol do Flamengo. No Rio de Janeiro, cidade que amava, seu primeiro emprego foi de babá. Não raro se identificava como carioca, foi torcedora incondicional do Flamengo.

Graduou-se em história e filosofia, exercendo a função de professora da rede pública. Posteriormente, concluiu o mestrado em comunicação social. Doutorou-se em antropologia política /social, em São Paulo (SP), e dedicou-se às pesquisas sobre a temática de gênero e etnia. Professora universitária, lecionava Cultura Brasileira na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC – Rio). Seu último cargo na instituição foi de chefa do departamento de Sociologia e Política.

Viúva de Luiz Carlos González, enfrentou o preconceito por parte da família branca do marido.

Através do candomblé, da psicanálise e da cultura afro-brasileira assumiu sua condição de mulher e negra.

Lélia se destacou pela importante participação que teve no Movimento Negro Unificado (MNU), do qual foi uma das fundadoras. Em 07 de julho de 1978 em ato público oficializou a entidade em nível nacional.

Para ela, o advento do MNU “consistiu no mais importante salto qualitativo nas lutas da comunidade brasileira na década de 70.”

Ativista incansável, militou também em diversas organizações, com o Instituto de Pesquisas das Culturas Negras (IPCN) e o Coletivo de Mulheres Negras N’Zinga, do qual foi uma das fundadoras. Em Salvador fez-se presente na fundação do Olodum. Sua importante atuação em defesa da mulher negra rendeu a Lélia a indicação para membro do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM).

Atuou no órgão de 1985 a 1989. Filiou-se ao Partido dos Trabalhadores (PT) e disputou vaga na Câmara Federal, em 1982, alcançando a primeira suplência. Foi candidata a deputada federal em 1982. Em 1986, estava no Partido Democrático Trabalhista (PDT), por onde se candidatou como deputada estadual, também conquistando a suplência.

Nos últimos anos, estudava o que ela chamava “negros da diáspora”, dando origem ao conceito de amefricanidade Escreveu Festas populares no Brasil, premiado na Feira de Frankfurt, Lugar de negro, em co-autoria com Carlos Hasenbalg, duas teses de pós-graduação, além de diversos artigos para revistas científicas e obras coletivas. Faleceu vítima de problemas cardíacos no Rio de Janeiro no dia 10 julho de 1994.

As reflexões de Lélia Gonzalez também estão contidas em papers, comunicações, seminários, panfletos político-sociais partidários, entre outros em poder de parentes , amigas e religiosos que possuem a curadoria e direitos autorais de sua obra.

“Lélia exerceu um papel fundamental na criação e ampliação do movimento negro contemporâneo. Em termos pessoais, seu grande orgulho foi servir como “catalisadora” dos anseios de uma parcela da juventude negra de Salvador, Bahia, no final dos anos 70 .A partir de um ciclo de palestras que ela realizou na cidade, em maio de 1978.

Este fato revela o que, para mim, foi o traço mais característico de Lélia: a capacidade ímpar de nos instigar com a exuberância de sua fala, nos inspirar com a luminosidade de sua personalidade”. (Luiza Barros. Extraído do artigo “Lembrando Lélia Gonzalez”. In.: Livro da saúde das Mulheres Negras). 

16º de março

" Para que preciso de pés quando tenho asas para voar?"

Frida Kahlo

Magdalena Carmem Frida Kahlo foi uma das mais importantes pintoras mexicanas do século XX, e destacou-se por ser uma artista singular. Com uma produção bastante autobiográfica, Frida retratava temas e angústias pessoais.

Entretanto, sua obra acabou comunicando-se e inspirando diversas mulheres, de forma que a artista se tornou um símbolo para o movimento feminista e por ser bissexual, também do movimento LGBTI.

Embora tenha tido uma vida muito conturbada, desde a saúde e relacionamentos, ela era dona de um espírito revolucionário e militou no partido comunista mexicano. Lutou pelos direitos das mulheres e valorizou muito a cultura indígena do povo andino, sendo também referência na cultura latino americana.

Desde pequena, a pintora teve uma vida marcada por doenças. Com seis anos de idade contrai poliomielite, que lhe deixa uma sequela no pé. Por conta disso, Frida passa a usar calças compridas e, mais tarde, longas saias coloridas, que serão sua marca.

Aos 18 anos sofre um grave acidente de bonde, momento trágico e ao mesmo tempo de renovação. Isso porque ao ficar incapaz de caminhar normalmente, ela começa a pintar quadros, a partir daí foca na carreira de pintora.

Mais tarde, já nos últimos anos de sua vida, em 1950, Frida é obrigada a amputar a perna, Tal fato lhe provoca grande depressão. Por conta desse acontecimento, a artista disse a conhecida frase: " Para que preciso de pés quando tenho asas para voar?".

Morte de Frida

Decorrente de uma grave pneumonia ou embolia pulmonar, Frida falece no dia 13 de julho de 1954, aos 47 anos. Embora muitos acreditem que ela cometeu suicídio, no diário da artista foi encontrada a seguinte frase:

"Espero alegre a minha partida - e espero não retornar nunca mais."

Museu Casa Azul
A casa onde Frida viveu a maior parte de sua vida, transformou-se num museu chamado de “Casa Azul”. O local está repleto de objetos, documentos, fotos, livros e vestuário da artista.

15º de março

(...)
Quem sabe eu ainda sou uma garotinha
Esperando o ônibus da escola, sozinha
Cansada, com minhas meias três quartos
Rezando baixo pelos cantos
Por ser uma menina má
Cássia Eller
A morte inesperada e precoce de Cássia Eller, no dia 29 de dezembro de 2001, deixou muitas pessoas surpresas.
Com uma série de sucessos e uma voz inconfundível, a cantora, que morreu aos 39 anos de idade após três paradas cardíacas, deixou sua marca na música brasileira.
Antes da fama
Cássia Eller viveu 11 anos de carreira intensos. Mas antes de estourar como cantora, ela trabalhou como garçonete, cozinheira e secretária do Ministério da Agricultura.
Sem saber, Cássia foi uma figura fundamental na causa LGBTQIA+
Durante uma entrevista realizada em 2001, a cantora, que tinha um relacionamento de 14 anos com Maria Eugênia e um filho, Chico, revelou que gostaria de ter seu casamento reconhecido por lei: "No caso de separação ou de morte, a Eugênia não tem nenhum documento que prove que estamos casadas há 14 anos.
"Se me acontecer alguma coisa, meus bens têm que ir para ela e meu filho. E a guarda do meu filho tem que ser dela, é ela a mãe," disse na época.
Após a morte da cantora, Eugênia entrou em uma batalha judicial e conseguiu a guarda de Chico. Esse caso foi inédito no país e importante para que outros casais LGBTQIA+ lutassem pelo mesmo direito.

 

11º de março

 

 

Futebol é coisa de mulher, sim!

"Me chamavam de mulher-macho. Muito preconceito. Cidade do interior, todo mundo te conhece. E naquela época meninas nunca jogavam bola. Jogavam handebol, vôlei, qualquer outra coisa. Eu era a única na cidade que gostava de jogar futebol. Aquilo era absurdo para os moradores." Marta

Marta Vieira da Silva, mais conhecida como Marta, é uma futebolista brasileira que atua como atacante ou meia-atacante.

Atualmente, joga pelo Orlando Pride, dos Estados Unidos.

Marta já foi escolhida como melhor futebolista do mundo por seis vezes, sendo cinco de forma consecutiva. Um recorde não apenas entre mulheres mas também entre homens.

Foi considerada pela Revista Época um dos 100 brasileiros mais influentes do ano de 2009.

Desde de 2015 é a maior artilheira da história da Seleção Brasileira(contando a Masculina e a Feminina com 110 gols: "Esse recorde representa bastante. Pois não é só a Marta, mas é um recorde das mulheres", diz Marta.

Sendo consagrada como rainha do futebol.

 

10º de março

 

" Tudo ficará bem" Kyal Sin

A nossa luta é internacional.

Seu nome era Kyal Sin. Ela tinha apenas 19 anos quando a polícia de Mianmar atirou na cabeça dela em um protesto anti-golpe em Mandalay, Mianmar, no início de março de 2021.

Kyal Sin, também conhecida como Angel, era uma dançarina e campeã de taekwondo que se juntou aos protestos anti-golpe em Mianmar desde o golpe militar, apesar dos protestos ficarem cada vez mais perigosos. Tendo dado seu primeiro voto em novembro, ela estava motivada a tomar as ruas para protestar contra o exército, que pretendia anular aquela votação tomando o poder. O pai de Kyal Sin foi um de seus maiores apoiadores, amarrando uma fita vermelha, um símbolo do movimento de protesto, em torno de seu pulso antes que ela fosse se juntar à resistência.

No dia em que foi morta, Kyal Sin foi vista vestindo uma camiseta com os dizeres “Tudo ficará bem” e segurou uma garrafa de coca-cola na mão para ajudar outros manifestantes que estavam sofrendo reações ao gás lacrimogêneo. Ela também protegeu os manifestantes jogando uma bomba de gás lacrimogêneo contra a polícia e abriu um cano de água para que os manifestantes pudessem enxaguar os olhos com água após serem atingidos com gás lacrimogêneo. Ela foi morta a tiros enquanto se protegia.

Mas Kyal Sin sabia que poderia morrer. Antes de sair para o protesto, ela deixou detalhes de seu grupo sanguíneo, um número de contato e uma mensagem especificando que ela gostaria de ser uma doadora se fosse morta.

Kyal Sin foi morta no dia mais sangrento de protestos anti-golpe em Mianmar, com 38 pessoas mortas na quarta-feira, somando mais de 50 mortos desde que os militares tomaram o poder.

 

9º de março

 

Marielle Francisco da Silva (1979-2018), conhecida publicamente como Marielle Franco, foi uma política brasileira.

Formada em Sociologia (pela PUC-Rio) e com Mestrado em Administração Pública (pela UFF), Marielle foi eleita Vereadora do Rio de Janeiro pelo PSOL (Partido Socialismo e Liberdade) no ano de 2016.

Negra, mulher, feminista, pobre, criada na favela e gay, Marielle representou uma série de minorias ao longo da sua vida política. A socióloga presidiu a Comissão da Mulher da Câmara, foi defensora dos direitos humanos e das causas LGBTI.

Vida Pessoal

Marielle era filha de Marinete da Silva e Antônio Francisco da Silva Neto e tinha como irmã Anielle Franco. A família vivia na Complexo da Maré, região pobre situada no Rio de Janeiro.

Aos 19 anos, Marielle deu à luz a sua única filha, Luyara Franco, fruto de uma relação com o seu primeiro namorado. Marielle foi companheira da arquiteta Mônica Benício, com quem se relacionava desde 2004.

Formação

Marielle Franco ingressou em 2002 no curso de graduação em Ciências Sociais da PUC-Rio com uma bolsa integral fornecida pelo Programa Universidade para Todos (Prouni).

Antes de ter entrado na faculdade, ela havia sido aluna do Pré-Vestibular Comunitário da Maré.

Após a graduação, Marielle ingressou no mestrado de Administração Pública da Universidade Federal Fluminense (UFF). A sua dissertação, defendida em 2014, focava na atuação das UPPs (Unidade de Polícia Pacificadora) e tecia uma análise da política de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro.

Vida Profissional

Marielle foi vendedora ambulante, dançarina, empregada doméstica e educadora infantil até reunir dinheiro para pagar os próprios estudos.

Após a morte de uma amiga próxima, vítima de bala perdida, Marielle resolveu se dedicar à militância pelos direitos humanos. A socióloga trabalhou na Redes da Maré e criticou duramente os abusos de poder das forças policiais.

Em 2006, Marielle acabou por integrar a equipe da Comunidade da Maré que fez campanha para o deputado Marcelo Freixo, político carioca considerado o padrinho político de Marielle.

Marielle se elegeu em 2016 para a Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro pelo partido PSOL com 46.502 votos. Ela foi a quinta vereadora mais bem votada da cidade.

Durante o mandato, a socióloga presidiu a Comissão da Mulher da Câmara.

Defensora dos direitos humanos, coordenou, junto com Marcelo Freixo, a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

Marielle apresentou na Câmara o projeto do Dia da Visibilidade Lésbica, que não foi aprovado por apenas dois votos.

Ao longo do período em que atuou como vereadora apresentou 16 projetos de lei, especialmente pensados em políticas públicas para negros, mulheres e LGBTI.

O assassinato

No dia 14 de março de 2018, uma quarta-feira, o carro onde estava Marielle foi atingido por 13 tiros que tiraram a vida dela e do motorista Anderson Pedro Gomes. Na ocasião Marielle tinha 38 anos e o motorista 39 anos.

O crime aconteceu durante à noite, por volta das 21h30, na Rua Joaquim Palhares, no Estácio, região central do Rio de Janeiro. No carro estava a vereadora, a assessora parlamentar Fernanda Chavez e o motorista Anderson Pedro Gomes.

Eles voltavam de um evento realizado na Casa das Pretas, um espaço coletivo de mulheres negras situado na Lapa, quando foram subitamente alvejados.

 

8º de março

 

" Ninguém nasce mulher: torna-se mulher." Simone de Beauvoir

Simone de Beauvoir foi escritora, filósofa, intelectual, ativista e professora.

Integrante do movimento existencialista francês, Beauvoir foi considerada uma das maiores teóricas do feminismo moderno.

Uma de suas frases mais célebres é:

“Ninguém nasce mulher: torna-se mulher”.

Dona de um espírito inquieto e revolucionário para sua época, Beauvoir rejeitou modelos, hierarquias e valores. Segundo ela:

“Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado, que qualificam de feminino.” Simone Lucie-Ernestine-Marie Bertrand de Beauvoir nasceu em Paris, França, no dia 9 de janeiro de 1908.

Na infância e juventude esteve num colégio católico e mais tarde, estudou matemática no Instituto Católico de Paris. Ainda que tenha sido criada numa família Católica, Simone optou pelo ateísmo. Segundo ela: “Era-me mais fácil imaginar um mundo sem criador do que um criador carregado com todas as contradições do mundo.” Foi também estudante de filosofia na Universidade de Sorbonne. Ali, conheceu Jean Paul-Sartre, parceiro intelectual e com quem teve um relacionamento aberto toda a vida (cerca de 50 anos). Ou seja, ambos não eram adeptos da monogamia e, portanto, tiveram outros parceiros sexuais ao longo da vida. Assim, nenhum deles chegou a casar ou ter filhos. Simone lecionou em diversas escolas nas décadas de 30 e 40. Com a ocupação nazista na França, Beauvoir fugiu do país, retornando no final de guerra.

Frequentadora de encontros filosóficos, em 1945, ela, Sartre, Merleau-Ponty e Raymnond Aron fundam a revista “Os Tempos Modernos” (Les Temps Modernes). Com periodicidade mensal, esse veículo foi muito importante para propagação de suas ideias. Sua paixão pelos livros foi notória desde a juventude. Escreveu diversas obras da qual se destaca um dos maiores clássicos do movimento feminista “O segundo sexo”, publicada em 1949. Vítima de pneumonia, Simone faleceu com 78 anos no dia 14 de abril de 1986 em sua cidade natal. Ela foi enterrada no Cemitério de Montparnasse, em Paris, ao lado de seu companheiro Jean-Paul Sartre.

 

4º de março

(...)

Mas é preciso ter força

É preciso ter raça

É preciso ter gana sempre

Quem traz no corpo a marca

Maria, Maria

Mistura a dor e a alegria

Mas é preciso ter manha

É preciso ter graça

É preciso ter sonho sempre

Quem traz na pele essa marca

Possui a estranha mania

De ter fé na vida. - Elis Regina

Elis Regina (1945-1982) foi uma cantora brasileira, considerada por muitos como a melhor cantora brasileira de todos os tempos. Sua morte precoce a transformou em mito. Diversas canções foram eternizadas na sua voz. Elis Regina de Carvalho Costa nasceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, no dia 17 de março de 1945. Começou a cantar, com onze anos de idade, no programa "No Clube do Guri", na Rádio Farroupilha, apresentado por Ari Rego. Elis Regina faleceu com apenas 36 anos, em São Paulo, no dia 19 de janeiro de 1982 e com menos de 20 anos de carreira gravou 31 discos, onde imortalizou diversas canções da música popular brasileira.

 

3º de março

 

"Esse crime, o crime sagrado de ser divergente, nós o cometeremos sempre". Pagu

Pagu, primeira presa política do Brasil - Patrícia Rehder Galvão, a Pagu, foi uma das mais polêmicas figuras femininas da história brasileira no século XX. Nascida no seio de uma família burguesa, em 1910, Pagu afastou-se de sua classe social, passando a militar junto ao Partido Comunista Brasileiro, o que lhe rendeu mais de 20 prisões. Sua história foi permeada de ações que afrontaram a sociedade da época. Desde as vestimentas ousadas utilizadas até o hábito de fumar e dizer palavrões, Pagu distinguia-se das demais mulheres da sociedade brasileira

2º de março

"Desistir... eu já pensei seriamente nisso, mas nunca me levei a sério; é que tem mais chão nos meus olhos do que o cansaço nas minhas pernas, mais esperança nos meus passos, do que tristeza nos meus ombros, mais estrada no meu coração do que medo na minha cabeça." Cora Coralina. Cora Coralina, pseudônimo de Anna Lins do Guimarães Peixoto Bretas, foi uma poetisa e contista brasileira. Considerada uma das mais importantes escritoras brasileiras, ela teve seu primeiro livro publicado em junho de 1965,quando já tinha quase 76 anos de idade, apesar de escrever seus versos desde a adolescência.

 

1º de março

Março, mês de luta das mulheres, neste mês teremos várias atividades Nacionais, Estaduais e o SINTUR-RJ também estará oferecendo a todas as mulheres a oportunidade de trocar informações, aprender e ensinar sobre a difícil missão de ser mulher.

Somos 467 mulheres, associadas, responsáveis pela existência do SINTUR-RJ.

A partir de hoje, a cada dia, durante todo o mês, de segunda a quinta, todas estarão nominalmente recebendo nosso bom dia e na sexta-feira, teremos um vídeo em homenagem as mulheres que tiveram seus nomes divulgados durante a semana.

Mulher, você, que constrói o SINTUR-RJ nosso bom dia!

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